Laboratório da UFF avalia radiação de alimentos

Pioneiro no Rio de Janeiro, o Larara é responsável pelas análises microbiológica e radioativa de produtos agrícolas destinados ao consumo humano

Mia Nascimento (Estagiária de Jornalismo)

O Brasil, segundo dados do Ministério da Agricultura, é o maior produtor de açúcar no mundo, com cerca de 400 usinas espalhadas pelo país. Para exportar o produto, no entanto, é necessário respeitar limites e padrões internacionais especificados pelo “Codex Alimentarius”, que constitui o conjunto das normas internacionais de alimentos. Um deles é a análise da radiação.

Nesse cenário, o Laboratório de Radiobiologia e Radiometria (Larara) da UFF, vinculado ao Departamento de Biologia Geral, é pioneiro na análise microbiológica e radioativa de produtos agrícolas no Estado do Rio de Janeiro.

O coordenador da Central Radiométrica e professor do Departamento de Biologia Marco Frota explica que a radiobiologia é o estudo dos fenômenos biológicos causados pela presença da radiação no corpo humano. Já a radiometria é o cálculo da quantidade de radiação em amostras de produtos agrícola e ambientais.

Etapas da análise no Larara

Licenciado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM), o Larara conta com uma estrutura metálica de 15 toneladas. Essa blindagem não elimina toda a radiação externa, mas diminui de forma que se possa analisar o produto.

Os produtores agrícolas enviam uma determinada quantidade da safra, geralmente quatro quilos, devidamente etiquetada com o período e local em que foi produzido. No Larara, é feita a codificação e a divisão das amostras. Uma parte vai para análise radiométrica, a outra para análise microbiológica. “A Comissão Nacional de Energia Nuclear não faz essa análise completa, por isso, a importância da nossa atuação é grande”, explicou o vice-coordenador do projeto, Joel de Araújo.

A partir de amostras expostas, são medidos os valores de radionuclídeos – isótopos que emitem radiação – contidos nos alimentos destinados ao consumo humano.  Esses elementos já existem em quantidade bem baixa e estável na natureza. Em níveis confiáveis, podem ser liberados para consumo e comércio.

A maioria dos radionuclídeos, todavia, é artificial, produzida em laboratórios. Estima-se que existem

Foto: Mia Nascimento


Coordenador da Central Radiométrica, Marco Frota (à esquerda), e o vice-coordenador, Joel de Araújo (à direita)


470 reatores nucleares em funcionamento no mundo. Devido a testes e acidentes nucleares, a radiação é liberada para o globo terrestre. Em contato com o corpo humano, a química radioativa interage e quebra a molécula de DNA, modifica o código genético e produz um defeito estrutural no cromossomo que pode levar ao câncer. “Por isso, o ser humano não pode, em hipótese alguma, ingerir um alimento


Sobre o Larara

O Larara integra o Setor de Bioanalítica, localizado no térreo do Instituto de Biologia, no Campus do Valonguinho. O espaço tem as condições ideais pra trabalhar com a reatividade e também abriga o Laboratório de Química Bio-Orgânica e de Produtos Naturais do Mar.

Multidisciplinar, multi-institucional e multiprofissional, o Larara conta com a parceria de professores de diversas áreas do conhecimento, como física, química, veterinária e geografia, e conta com a parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A equipe é composta por pesquisadores, técnicos em eletrônica e alunos graduação e pós-graduação da UFF.

Atualmente, o laboratório tem como maior demanda a análise do açúcar, mas está preparado para avaliar a radioatividade de outros produtos agrícolas. Futuramente, o grupo pretende trabalhar com milho, café e, em conjunto, realizar a análise sanitária.




contaminado com níveis de atividade acima do permitido em normas”, destacou Frota.

A análise de radiação é necessária pois alguns desses compostos levam muito tempo para que a atividade radioativa inicial seja reduzida à metade. Como prevenção, certos alimentos para exportação necessitam de certificações para serem aceitos no país que o importa.