Observatório do Turismo traça perfil dos turistas que visitaram Niterói durante a Copa do Mundo

Dados coletados poderão ser utilizados na formulação de ações para outros megaeventos, como as Olimpíadas de 2016

Amanda Oliveira (Estagiária de Jornalismo)

O Observatório do Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF já está se preparando para as próximas Olimpíadas. Os dados coletados pela pesquisa "O perfil e o impacto econômico do visitante da cidade de Niterói durante a Copa do Mundo de 2014" servirão de base para a análise dos jogos de 2016 e poderão nortear o planejamento de ações dos setores público e privado para receber melhor os visitantes. A experiência, que teve início na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, visa traçar o perfil dos turistas durante os megaeventos.

Divulgada após o término do mundial, a pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo, em parceria com a Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur) da prefeitura do município, levantou dados entre os dias 13 de junho e 15 de julho deste ano. A pesquisa foi coordenada pelos professores Osiris Marques e João Evangelista Monteiro e teve a colaboração de alunos do curso de Turismo.

Ao todo foram entrevistadas 1.266 pessoas no Centro de Atendimento ao Turista das Barcas, Caminho Niemeyer, Museu de Arte Contemporânea (MAC) e em hotéis selecionados. Além dos gastos dos visitantes, o perfil socioeconômico e a percepção do turista sobre a cidade foram o foco das entrevistas.

Os dados coletados são fundamentais para balizar ações em diferentes setores. "Com o mapeamento do perfil dos turistas é possível desenhar políticas de marketing para determinados segmentos ou países, como agências de viagens que podem aproveitar os resultados e focar em propagandas para determinados locais", explica Osiris Marques.

De acordo com o coordenador, os resultados da pesquisa já são procurados tanto pela sociedade civil, quanto por entidades privadas. Prefeituras de municípios do Rio de Janeiro já entraram em contato com o observatório para a elaboração de pesquisas locais.

O professor João Evangelista destacou a relevância do projeto para a melhoria na prestação de serviços públicos. "A avaliação dos turistas sobre os serviços de transportes, mobilidade urbana, segurança e limpeza pode ser uma orientação para investimentos do poder público para receber melhor os turistas em futuros eventos”, frisou.

Dados coletados na pesquisa

Com 73% dos entrevistados visitando Niterói pela primeira vez, o conjunto da "Cidade Sorriso" ganhou nota 8,3, numa classificação de zero a dez. Niterói conquistou a admiração de 95% dos







Gráficos: gênero e faixa etária

Local de origem do visitante




visitantes, que afirmaram pretender voltar à cidade e recomendá-la aos amigos. As obras de Oscar Niemeyer, a cultura local, as praias e o ecoturismo foram apontados por 58,6% doss turistas como os principais atrativos de Niterói.

A vida noturna, eventos esportivos, compras e possíveis experiências românticas ficaram em segundo lugar. E, na "lanterninha" da classificação
ficaram os encontros profissionais, os negócios, locais religiosos e destinos gay friendly, termo usado para locais onde a presença de gays é bem-vinda.

Contabilizando 41.672 hóspedes e 77.392 excursionistas, a cidade recebeu mais homens do que mulheres, numa faixa etária média de 35 anos. Com tempo médio de permanência de 7,8 dias, os turistas gastaram R$ 86.897.167, incluindo alimentos e bebidas, hospedagem, transporte, compras e demais gastos.

Do total de turistas que visitaram a cidade, 52% são residentes no Brasil, com destaque para moradores de São Paulo, seguidos por Rio de Janeiro e Minas Gerais. Já dos 48% de residentes de outros países, a maioria é oriunda do Chile, dos Estados Unidos e da Argentina.

A renda familiar também foi objeto da pesquisa, com 28,2%, dos entrevistados afirmando receber entre cinco e dez salários mínimos, o que gera uma média de 11,3 salários mínimos na renda familiar. Separando a renda média dos turistas nacionais e internacionais, os brasileiros registraram 8,5 salários mínimos contra 15,3 dos estrangeiros.

Os visitantes utilizaram como maior fonte de informação sobre a cidade os amigos e a família, com 63,9%, seguido de 27,5% por meio de buscas no Google, 12,2% por guias turísticos impressos, e 7,3% por folhetos da prefeitura.