BlackBird Aerodesign: as asas da UFF
Jéssica Rocha (Estagiária de Jornalismo)
Melhor equipe do Estado do Rio de Janeiro em 2013, segundo a Sociedade Automobilística de Engenharia (SAE Brasil), a BlackBird Aerodesign da Escola de Engenharia da UFF se prepara para a próxima edição da competição SAE Brasil Aerodesign. O evento será realizado de 30 de outubro a 2 de novembro, em São José dos Campos, São Paulo.
A equipe existe há 13 anos e participa da competição na classe regular. O projeto acadêmico Aerodesign integra o conjunto de projetos de base tecnológica para competições de caráter educacional. Tem como objetivo a aplicação de conceitos em engenharia aeronáutica para projetar, documentar e construir um avião em escala, controlado por rádio e que seja capaz de decolar com a maior carga útil possível.
Coordenada pelo professor Luiz Eduardo Sampaio, a BlackBird é formada por nove alunos, atualmente todos do curso de Engenharia Mecânica. O capitão João Carlos Andrade é responsável por realizar a inscrição na competição da SAE, gerenciar a equipe e direcionar os integrantes para uma das sete áreas: relatórios, cargas e estruturas, aerodinâmica, estabilidade, controle, desempenho e parte elétrica. “Cada um escolhe a área que mais lhe interessa, mas todos ajudam no conjunto inteiro”, explicou Andrade.
Luiz Eduardo Sampaio orienta os alunos e é responsável por toda a equipe e laboratório, auxiliando com bibliografia e esclarecendo dúvidas. Além de acompanhar os estudantes nas viagens, ele cuida da parte orçamental do projeto. A equipe conta também com o piloto profissional Mauro Lopes, designado pela SAE, para fazer os testes com os protótipos e o voo no dia da competição.
Diferencial para 2014
A expectativa dos integrantes para a competição deste ano é se manter em primeiro lugar entre as equipes do estado e conseguir ficar entre as 20 melhores do país. O avião deste ano terá o número 26 na asa, correspondente à posição da BlackBird na 15ª edição da SAE Brasil Aerodesign, que ocorreu entre 24 e 27 de outubro de 2013.
Uma das mudanças no projeto foi a asa, antes em formato retangular e mais conservador. Buscando ideias para diminuir o peso e o arrasto (resistência ao ar), a equipe optou por uma asa trapezoidal para o novo avião. Segundo os integrantes, a asa também tem uma longarina, agora com 2,6 metros, peça fundamental na montagem da asa de uma aeronave, diferente da anterior.
Divulgação/BlackBird
Equipe prepara a aeronave para a competição, em 2013
A asa é feita de balsa, madeira leve e resistente, e “honeycomb”, “sanduíche” de fibra de carbono, como dizem os alunos, material muito usado na Fórmula 1 e em barcos de competição.
A competição
Meses antes da competição é entregue um relatório com cerca de 40 páginas, explicando como o avião foi pensado, com cálculos e mapas do projeto. Durante o torneio, o grupo tem 15 minutos para apresentar o projeto para uma banca de engenheiros da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), e este tem de ser fiel ao relatório. Qualquer mudança no projeto significa que a equipe errou nos cálculos e, por isso, perde pontos.
As regras de pontuação mudam todos os anos. Segundo a vice-capitã Luisa Souza, por esse motivo, um avião bem colocado na competição em um ano pode não ser bom o suficiente no outro. Os quesitos que renderão mais pontuação na edição de 2014, por exemplo, serão área, soma das dimensões e estrutura leve. “É preciso pensar em um avião seguindo os critérios de avaliação específicos daquele ano para ter um melhor desempenho e uma boa colocação”, explicou a vice-capitã.
A SAE disponibiliza cinco modelos de motor, e cada equipe escolhe qual a melhor opção para seu
projeto. O combustível também é cedido pela organizadora do evento, no dia da competição. Para que tudo saia como o esperado, as equipes fazem testes com nitrometano, mesmo combustível usado durante a prova. Os dois primeiros colocados na versão nacional se classificam para a competição internacional da SAE, realizada nos Estados Unidos.
Os estudantes da UFF de todas as engenharias e do curso de Física podem participar do projeto. A possibilidade de integrar os alunos de Desenho Industrial está sendo avaliada. Juntos há um ano, os alunos João Carlos Andrade, Luisa Souza, Thiago Vencovsky, Yasmin Santana, Victor Pires, Juliana Oliveira, Gabriel Relvas, Victor Barros e André Luis Santos pretendem continuar no grupo nos próximos anos.
A maior parte do patrocínio vem da Escola de Engenharia e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Outras empresas como a TecSul, a XFlow e a Focodesign também contribuem, liberando a utilização de softwares para a concepção do projeto dos aviões ou por outros meios.
Participar da equipe também abre portas para os alunos, além de ser importante na formação acadêmica. Segundo Luiz Eduardo Sampaio, a Embraer participa da competição e “fica de olho” nas equipes e aviões que se destacam.