O formol, nome popular do formaldeído, é um dos principais produtos para fixação e conservação, amplamente utilizado nas indústrias química e farmacêutica. No entanto, é considerado um agente cancerígeno, com alto nível tóxico. Na busca por uma alternativa com menor toxicidade, o professor Rafael Cisne de Paula, do Laboratório de Morfologia Experimental (Lamex) da Universidade Federal Fluminense, desenvolveu um composto vegetal que pode ser um substituto aos fixadores à base de aldeído em geral, como o formol e o glutaraldeído.
Em fase de registro de patente, o novo composto vegetal poderá ser aproveitado em diversos segmentos da indústria farmacêutica, como tratamento e conservação de couro e outros materiais; uso tópico na pele como cosmético; suplemento alimentar; tratamento capilar; conservação de cadáveres e amostras de tecidos em laboratório e hospitais.
Segundo o autor da pesquisa, alguns compostos isolados são capazes de penetrar com a elastina e o colágeno dos tecidos, mas é preciso torná-los solúveis para facilitar essa interação, produzindo a conservação. Assim, foram utilizados uma mistura de álcool e glicerol associados ao composto vegetal isolado, resultando na estabilização do colágeno e da elastina.
Rafael Cisne explica que fixadores à base de aldeído têm desempenho eficaz quando utilizados em análises histológicas, mas não permitem uma fixação perfeita. Além disso, a toxicidade desses fixadores dificulta muito a manipulação dos tecidos. "Depois de dois anos testando e analisando diversos fatores vinculados a preservação de tecidos - como pH, velocidade de penetração e estabilização dentro e fora das células, entre outros -, observamos bons resultados numa concentração de reagentes com custo mais baixo que o do formol, com maior qualidade de preservação e, o melhor, sem toxicidade", revela o pesquisador do Lamex, vinculado ao Departamento de Morfologia do Instituto Biomédico.
O trabalho é realizado em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e iniciou-se a partir da tese de doutorado em Ciências defendida por Rafael Cisne na USP, com período na Universidade de Zurique, na Suíça.