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Fotos: Lívia Cabrera, Renata Cunha e Rosane Fernandes
Murade Murargy defende investimentos em pesquisa e ensino superior

Paulo Speller destaca programas de mobilidade brasileiros para o exterior

Autoridades do Brasil e do exterior reunidas durante o coquetel de abertura
UFF participa de encontro internacional que reúne 132 instituições de ensino superior de língua portuguesa
11/6/2013
Marcia Lomelino e Renata Cunha


Com a conferência “Cooperação e Desenvolvimento nos Países de Língua Portuguesa”, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, abriu o 23º Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp), nesta segunda-feira, 10 de junho. O evento é realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem como tema “Cooperação e Desenvolvimento nos Países de Língua Portuguesa: o Papel das Universidades”.

O secretário-executivo ressaltou o papel da formação de nível superior para a consolidação dos princípios da CPLP. “A formação graduada e pós-graduada em ciência e tecnologia contribui para a geração de recursos humanos qualificados para alavancar e estimular o crescimento econômico e, consequentemente, o desenvolvimento social”, afirmou. Murargy citou ainda como metas a serem conquistadas pelas instituições o acesso, a equidade, a qualidade no ensino e o investimento na pesquisa e no ensino superior.

Para Murargy, a língua portuguesa é um elemento transversal da identidade dos membros da CPLP e é, ao mesmo tempo, meio de produção, aquisição e transmissão do conhecimento científico. “O espaço territorial pelo qual se estende a nossa comunidade é pluricontinental, mas a língua portuguesa é um patrimônio igualmente valorizado neste território”, pontuou.

Concluindo, sinalizou como futuros desafios a criação do Espaço do Ensino Superior da CPLP, que seria um campo de trocas entre as comunidades acadêmicas dos países de língua portuguesa, e a possível criação de um programa semelhante ao Erasmus Mundus no contexto da CPLP.

Novas perspectivas globais e o papel das universidades de língua portuguesa

O reitor da UFMG, Clélio Campolina, falou sobre os processos de inclusão e avaliação do ensino superior, a partir da perspectiva de um de seus trabalhos acadêmicos que retrata mudanças geopolíticas globais, e como os países emergentes – incluindo os de língua portuguesa – se inserem nesse contexto. Segundo Campolina, educação, ciência, tecnologia e inovação são imperativos para o desenvolvimento e a integração. “Sem esses pilares não temos possibilidade de desenvolver a sociedade do conhecimento. As recentes mudanças nos exigem uma reflexão de que forma estamos nos inserindo nesse ambiente”, explicou.

O economista e reitor da UFMG fez uma retrospectiva histórica dos períodos de ascensão e declínio do sistema capitalista e seus conflitos com o socialismo. Baseado nos estudos do pensador russo Nikolai Kondratiev, defendeu que vivemos a emergência de um novo ciclo de desenvolvimento, que demonstra a convergência das tecnologias de informação e comunicação, a expansão da biotecnologia e da nanotecnologia, o surgimento de novas fontes energéticas e a mudança do paradigma ambiental. “Tudo isso traz a necessidade de combinar as múltiplas trajetórias tecnológicas para entender a complexidade dos fenômenos. Esse é o grande desafio científico contemporâneo”, frisou.

Alinhado à discussão suscitada por Campolina, o vice-reitor da Universidade Independente de Angola, Filipe Zau, na mesa-redonda “Processos de Inclusão e Avaliação do Ensino Superior”, também mencionou os desafios estruturais a serem superados em seu país, que são muito próximos aos de outras nações emergentes. Dentre eles, apontou a necessidade de maior valorização dos professores, a melhoria das condições de infraestrutura e redução das desigualdades.

No mesmo debate sobre o tema acima, o diretor do Inep, Luiz Cláudio Costa, apresentou indicadores que demonstram a evolução do ensino universitário no Brasil. De acordo com ele, os desafios do Brasil são semelhantes aos enfrentados por outras nações em desenvolvimento.

O titular do Inep destacou cinco recentes ações do governo federal no sentido de democratizar o acesso às instituições de ensino superior: o Programa Reuni, de expansão universitária; a transformação de escolas técnicas em institutos federais de tecnologia (Ifet); a Universidade Aberta do Brasil (UAB), para a difusão do ensino à distância; o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), estes dois últimos voltados ao fomento para estudantes matriculados no ensino superior privado. “Saímos da fase de ampla elitização e caminhamos para ter uma educação mais democrática. É um desafio grande, do tamanho do Brasil”, salientou.

Na parte da tarde, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller, proferiu a conferência “Impactos Acadêmicos dos Intercâmbios e Suas Formas de Financiamento”. Em sua fala, o secretário destacou os programas de mobilidade com países do Mercosul e nações africanas e asiáticas de língua portuguesa. Para Speller, a troca de boas práticas, o conhecimento recíproco e o respeito à diversidade são alguns dos valores que contribuem para a melhoria da democratização do sistema educacional.

Dentre as iniciativas governamentais citadas pelo secretário, o Programa Ciência sem Fronteiras já ofertou 40 mil bolsas de graduação, doutorado pleno e doutorado-sanduíche para universitários brasileiros. A meta é conceder um total de 101 mil bolsas, inclusive com previsão de intercâmbio de acadêmicos estrangeiros para o Brasil.

“Temos uma perspectiva de programas em desenvolvimento com possibilidades de crescimento e valorização do governo brasileiro, que vem colocando a relação entre Brasil e África, em especial os países de língua portuguesa, em um patamar de grande destaque. A Aulp, com o apoio da CPLP, tem condições de aproveitar este momento para expandir esses programas com as universidades de língua portuguesa”, acredita Speller, destacando a participação da Universidade Federal Fluminense em seu intercâmbio com Moçambique na oferta de licenciaturas no âmbito da Universidade Aberta do Brasil.

Após a mesa-redonda “Impactos Acadêmicos dos Intercâmbios Internacionais e Suas Formas de Financiamento”, foi lançada a “Revista Internacional em Língua Portuguesa”. Nesta edição, a publicação reúne artigos sobre os desafios enfrentados e as soluções encontradas em torno da segurança alimentar e nutricional, uma problemática social que afeta os países lusófonos de diferentes formas, para além da disponibilidade de alimentos. O 23º Encontro da Aulp teve início no dia 9 de junho, com um coquetel de abertura, que contou com a presença de reitores e representantes de universidades brasileiras e estrangeiras que têm em comum o idioma português. O reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto Salles, e a diretora de Relações Internacionais, Lívia Reis, acompanhados por uma comitiva de servidores, representaram a UFF no encontro.

O evento, que prossegue até esta quarta-feira, 11 de junho, leva ao Campus da Pampulha da UFMG aproximadamente 400 reitores, ministros e outras autoridades governamentais da área de educação do Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Os integrantes da Aulp e seus convidados debatem o papel das universidades na cooperação internacional e no desenvolvimento econômico. Serão apresentados cerca de 60 trabalhos de pesquisadores, especialistas e profissionais dos países-membros da associação.

Criada em 1986, a Aulp reúne 132 instituições de ensino superior. Os países de língua portuguesa atingem, juntos, cerca de 250 milhões de habitantes e representaram, em 2011, um PIB total de US$ 2,8 trilhões.

UFF Notícias - Superintendência de Comunicação Social (SCS)